Problemas na visão: de zero ao primeiro ano de vida

Problemas na visão: de zero ao primeiro ano de vida

Anormalidades podem ser detectadas já no nascimento e primeiro ano de vida da criança

Durante o primeiro ano de vida é possível encontrar possíveis problemas de visão nas crianças. Exames clínicos devem ser feitos de imediato caso se perceba alguma alteração. O oftalmopediatra precisa ser acionado já após a confirmação de alteração clínica realizada pelo neonatologista ou pediatra. É o caso da catarata congênita, do glaucoma congênito, da conjuntivite neonatal, da obstrução do ducto nasolacrimal, do estrabismo, do pseudoestrabismo,da hipermetropia e do retinoblastoma. É o que afirma a Dra. Ana Tereza Ramos Moreira, oftalmologista pediátrica.

Prematuros
Durante o primeiro ano de vida, o bebê prematuro enfrenta uma batalha pela sobrevivência. Quanto mais prematuro, maior chance de complicações respiratórias. Os olhos do bebê prematuro também podem sofrer danos relacionados à baixa idade gestacional e baixo peso.

Existe uma doença chamada Retinopatia da Prematuridade (ROP) que pode afetar esses bebês e é capaz, até mesmo, de cegar. Para detectar a ROP e tratá-la, a fim de tentar impedir o desfecho desfavorável, os oftalmologistas são chamados pelos neonatologistas. Assim, é feito o exame nos bebês ainda dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal.

São exames realizados por oftalmologistas experientes e cursa com dilatação da pupila do bebê. Esses exames se repetem com frequência, até que o olhinho não corra mais chance de ficar cego. Apesar de todo o esforço da equipe médica, mesmo utilizando tratamentos modernos, em alguns casos não é possível evitar a cegueira desses bebês.

Quanto mais prematuro,
maior a chance de complicações

Catarata Congênita
O Teste do Olhinho é realizado na maternidade, antes da alta do bebê. Se durante o teste, o pediatra detectar anormalidade, a criança pode apresentar Catarata Congênita. Nesse caso, deve ser rapidamente encaminhada a um serviço de oftalmologia. Se ao examinar a criança for confirmado o diagnóstico, a operação deve ser realizada na 12ª semana de vida.

Glaucoma Congênito
Se o bebê possui o olho grande, lacrimejamento frequente e apresenta reação importante à luz, a ponto de esconder o rosto no colo da mãe quando exposto ao sol, ele deve ser levado o quanto antes ao oftalmologista. Pode ser que a criança seja portadora de Glaucoma Congênito.

Conjuntivite Neonatal
É comum que a criança nascida de parto vaginal apresente discreta hiperemia (olhos vermelhos e pálpebras inchadas nos primeiros dias de vida). Isso pode ser devido à reação do colírio usado para proteger os bebês de infecções mais sérias. No entanto, se o olhinho do bebê estiver vermelho e apresentar secreção amarelo-esverdeada é necessário levá-lo ao oftalmologista pediátrico. Esse quadro clínico é compatível com Conjuntivite Neonatal e deve ser adequadamente tratado.

Obstrução do Ducto Nasolacrimal
Durante os primeiros meses de vida, o bebê pode ter lacrimejamento frequente em um ou nos dois olhos, sendo muitas vezes acompanhado de secreção ocular amarelada. Isso é decorrente da má drenagem da lágrima, por obstrução do ducto nasolacrimal. 

O oftalmologista vai orientar a mãe a realizar algumas manobras para tentar melhorar o trânsito da lágrima desde o olho até o nariz, seu destino final. Parece estranho dizer que a lágrima drena para o nariz, mas é por essa razão que quando choramos, nosso nariz escorre.  Algumas vezes é necessário realizar tratamento de desobstrução do canal lacrimal no centro cirúrgico, sendo a criança anestesiada. É um procedimento rápido e efetivo, porém algumas vezes requer repetição do tratamento.

Estrabismo
O olho torto, vesgo ou com estrabismo é uma das queixas mais comuns no consultório do oftalmopediatra e do estrabólogo. Trata-se da criança que desvia os olhos, estando um reto (olhando para frente), e o outro torto, seja para o lado do nariz ou da orelha. Essa criança precisa ser examinada, uma vez que a visão do olho desviado pode ser prejudicada. O tratamento requer uso de óculos, toxina botulínica ou a necessidade de cirurgia.

Pseudoestrabismo
O falso ou pseudoestrabismo é causa frequente de consulta no oftalmopediatra. É a criança que apresenta características faciais que simulam estrabismo. Quando levada ao médico e realizados os testes diagnósticos para o desvio ocular, conclui-se que os olhos são normais. Importante salientar que só o médico oftalmologista pode descartar a existência da alteração ocular ou não.

Hipermetropia
A hipermetropia é o erro de refração mais comum na infância. Isso porque toda criança nasce com o diâmetro anteroposterior do globo ocular pequeno, compatível com o tamanho do bebê.

Com o crescimento e o desenvolvimento da criança, o globo ocular também cresce, até que chega ao tamanho do globo ocular do adulto normal. Esse processo fisiológico de crescimento gradativo do globo ocular se chama emetropização e ocorre até os sete anos de idade.Em algumas crianças, isso não acontece perfeitamente. Elas apresentam hipermetropia residual, com dificuldade para enxergar. Dessa forma, tendem a se aproximar dos objetos e podem queixar-se de dor de cabeça. Pode, ainda, apresentar desvio dos olhos, conhecido como estrabismo.

A hipermetropia é o erro de refração mais comum nas crianças em geral e também naquelas com síndrome de Down. O uso de óculos é a melhor forma de correção desse tipo de erro refrativo. Em geral as crianças se adaptam muito bem a eles.

Astigmatismo
O astigmatismo também pode ocorrer na infância e quando necessário deve ser corrigido. Nas crianças com menos de um ano de idade, no entanto, quando detectado esse erro refrativo, é aconselhável aguardar determinado período antes de prescrever a correção óptica. Isso se explica pelo fato de que, com o crescimento da criança, o “branco do olho” ou cientificamente denominado de esclera, sofre enrijecimento de suas fibras, reduzindo o astigmatismo que previamente existia, podendo até mesmo fazê-lo desaparecer. O oftalmologista decidirá o momento ideal para tratar adequadamente esse problema.

Retinoblastoma
O retinoblastoma é o tumor maligno intraocular mais comum na infância. Ele pode estar presente já ao nascimento. Na maioria das vezes, é diagnosticado entre o 2o e 4o ano de vida da criança. Se o seu filho apresenta olhos com reflexo esbranquiçado nas fotografias, fazendo lembrar a imagem do reflexo da luz no olho do gato, leve-o o quanto antes ao oftalmologista, pois a doença é grave e requer tratamento imediato.

Síndrome de Down
Crianças com síndrome de Down devem ser examinadas ao nascimento por meio do Teste do Olhinho para afastar catarata e glaucoma. Durante o primeiro ano de vida, essas crianças com frequência apresentam lacrimejamento, característico da obstrução do ducto nasolacrimal, com episódios de conjuntivite e secreção purulenta. Nesses casos, o oftalmologista tratará a criança com colírio antibiótico (por curto período de tempo) e massagens. Nos casos em que o tratamento com massagem não resolva, está indicado tratamento cirúrgico, sob anestesia geral.

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